Calculadora científica

A mesma coisa de sempre: comprei as mesmas canetas, os mesmos lápis, a mesma borracha e talvez até os mesmos cadernos. Nesse ano não tinha mais nada que eu pudesse acrescentar à minha lista de materiais escolares. Para minha surpresa, minha mãe veio toda animada me mostrando a calculadora científica que ela havia achado para mim. Eu sabia que ia precisar de uma e que isso não dependia da lista de aprovados que seria lançada ainda hoje, o outro curso que eu já havia passado já exigia que eu tivesse uma. Coloquei na minha cestinha enquanto voltava a mesma posição de antes e observava as pessoas na papelaria. "Passei...Só que foi para o segundo semestre" disse uma menina para a mulher ao seu lado enquanto desligava o telefone com uma cara um tanto desapontada. Cassei meu celular nos meus bolsos e fiquei feliz por tê-lo esquecido em casa, a última coisa que eu queria era milhões de telefonemas me parabenizando ou não pelo resultado do vestibular. "Quando chegar em casa vou correndo ver a lista de aprovados", pensei. E foi o que eu fiz. Para a minha infelicidade, todo mundo de Montes Claros estava tentando acessar o resultado, e isso estava pesando demais o site. Tentei e tentei por alguns minutos. Nada. De repente, o site resolveu cooperar. Funcionou por tempo suficiente para que eu pudesse selecionar "Engenharia Civil" e clicar no botão "limite de vagas". Meu corpo gelou, minhas mãos suaram e meu coração simplesmente parou de bater, tudo isso enquanto a próxima página carregava. Procurei desesperadamente pelo meu nome na lista, só lembro de ter lido "primeiro semestre" antes de girar a cadeira em direção a porta e gritar:

- Manhê!! PASSEI NO VESTIBULAR.